1 de mai. de 2014

Em nome do pai... - Saturno quadratura Sol


Sempre admirei a energia de S. Zé Pilintra. Sua curimba é uma das coisas mais bonitas de se ver. E não é que um destes dias, naqueles "acasos" providenciados pelo Alto, tive a oportunidade de incorporar um dos seus Malandros? Corpo travado e duro, fiz o possível para permitir a passagem daquela energia tão linda e tão leve... Ao voltar para a corrente, vendo S. Zé tão feliz ainda girando no Meio, as lágrimas vieram com tudo, e chorei nos braços de Maria Molambo, me desculpando pelas lágrimas, sem nem saber direito porque estava chorando.

E hoje me peguei pensando em meu pai. Confesso que nestes últimos oito anos raramente penso nele. Mas hoje fiquei lembrando. Blusa decotada ou saia curta não podia. Cabelo comprido não podia. Aula de arte não podia. Blusa vermelha ou esmalte vermelho, nem pensar, era coisa de prostituta. E eu com toda esta energia cigana, estrangulada, no peito.

Precisava sufocar tanto, pai? Claro que responsabilidade, dever, seriedade, respeito, são conceitos importantes e necessários. Mas não dava pra ensinar de outro jeito? Tanta repressão, tanta frieza, tanta culpa incutida, pra que? Tanto esforço em busca de uma frase que nunca veio: "tenho orgulho de você, filha". E resultando numa sensação de nunca fazer o suficiente, de nunca ser boa o suficiente.

Mas uma coisa boa vem de toda esta exigência. Eu aprendi disciplina. Eu sei que, dada a oportunidade, eu vou tentar incorporar de novo, e de novo. E quem sabe, um dia, eu consiga deixar esta energia fluir como se eu tivesse nascido pra isso, como se fosse a coisa mais natural do mundo pra mim.

Eu lembro como você amava seus canários, como voltava orgulhoso das feiras quando algum deles era premiado. Mas sabe, pai, tem uma coisa que você nunca compreendeu. Pássaro que canta mais bonito é aquele que é livre.

Título: referência ao filme In the name of the father, de Jim Sheridan, 1993.
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22 de mar. de 2014

Que rosa tão bonita, que rosa tão encarnada...


O conceito oriental de carma foi mal compreendido por nós, ocidentais. Ao longo do tempo, a palavra carma foi identificada com a idéia de "olho por olho, dente por dente", ou "tudo o que você faz de ruim, vai pagando à prestação nas próximas vidas".

Carma realmente está relacionado com plantio e colheita, mas de uma maneira muito mais ampla e complexa (e menos vingativa) do que é difundido por aí.


Cada ação sua é uma semente. E claro que às vezes, por ignorância, lançamos ao solo uma semente de erva daninha. Se você gosta de jardinagem, sabe a rapidez com que a erva daninha se espalha, e a profundidade que algumas raízes atingem, o que torna a limpeza do terreno um processo longo e trabalhoso. E, muitas vezes, frustrante. É apenas o nosso amor pelo jardim que nos anima a continuar. 


Agora imagine uma semente de árvore. Ao tocar o solo, ela inicia um longo processo de germinação. Até esta semente se transformar numa árvore adulta, leva muito tempo. Mais algum tempo até ela dar frutos. E quando estes frutos amadurecem, quantas sementes há em cada fruto? Cada uma destas sementes, de uma maneira ou de outra, vai encontrar seu caminho, e grande parte delas vai gerar uma nova árvore, que depois de um certo tempo, vai gerar frutos... é um processo praticamente infinito, não? E nós estamos falando de apenas uma ação inicial, uma semente. Você consegue imaginar quantas sementes plantamos em uma única vida? Eu fico tonta só de tentar.


Este conceito, das sementes que se espalham e multiplicam, acaba por nos remeter à idéia do círculo, do eterno recomeço, do voltar ao ponto de partida (semente) que vai gerar um novo ciclo, que vai se encerrar numa nova semente, quando tudo recomeça. Este é o conceito da "roda" das reencarnações, à qual estamos presos enquanto não conseguirmos expandir nossa consciência.


No atual momento planetário, alguns de nós estão sentindo um cansaço profundo. É como se estivéssemos numa corrida que já dura muito tempo, e nem sinal da linha de chegada. Sei que não parece, mas isso é bom. Este cansaço é uma indicação de que já não estamos satisfeitos em repetir o mesmo ciclo, de novo e de novo. Estamos começando a abrir nossos corações e nossas mentes para a possibilidade de mudança. E é esta abertura que vai permitir que a transformação ocorra.


Então, apesar do cansaço, continue a tirar as ervas daninhas. E, principalmente, continue a plantar árvores. Porque o grande segredo é este: o bem que você semeia nunca é desperdiçado. Você pode não acreditar, porque na sua impaciência você joga a semente hoje e espera que amanhã já haja uma árvore em seu jardim. O processo é lento, e a natureza é sábia. Uma árvore frutífera é feita para durar. E para alimentar muitos.


Por isso, da próxima vez que você se perguntar onde está a recompensa após tanto esforço, onde está o descanso após tanto trabalho, pare e observe um pouco a natureza. O movimento é constante. O trabalho nunca cessa. Há um equilíbrio que permeia toda a criação. Você está no lugar certo, na hora certa, fazendo o que deve fazer. Você está acordando. 


Esta mensagem foi patrocinada por Saturno em Escorpião em recepção mútua com Plutão em Capricórnio.


Agradecimentos: Rosa, sempre presente, sempre lembrada.

Marli, amiga de todas as horas.

Título: referência a Ponto Cantado de Umbanda. 

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