Vamos falar um pouco sobre a origem do termo "transmutação". Eu já expressei o ponto de vista de que este termo tem sido usado de forma abusiva por muitos seguidores da "Nova Era", a ponto de ter praticamente perdido seu sentido original. Então, vamos tentar recapturar seu significado.
A transmutação faz parte do processo alquímico. Os alquimistas dedicavam-se a um processo destinado a transformar a prima materia (matéria primordial, matéria prima) em pedra filosofal. Toda a opus (obra, o trabalho alquímico em si) visava esta transformação.
Para proteger seus esforços das interferências dos não iniciados, os alquimistas empregavam uma linguagem altamente simbólica, repleta de significados astrológicos e alegorias. Assim, seu objetivo era transformar chumbo (Saturno) em ouro (Sol). Naquela época, Saturno era considerado o último planeta do nosso sistema solar (Urano, Netuno e Plutão ainda não haviam sido descobertos). Portanto, ele simbolizava o limite exterior, além do qual era impossível continuar. Esta simbologia é muito rica, e permite uma miríade de interpretações. Uma delas é a de que se deve partir do exterior (Saturno) para o interior (Sol).
Esta transformação de chumbo em ouro evidentemente não é uma simples transformação. Um elemento deve passar por um processo que vai torná-lo um outro elemento, completamente diferente. É necessário mudar a própria configuração atômica do elemento. Esta transformação, que altera a própria essência do que é transformado, é chamada transmutação. E, à medida que estudamos mais profundamente o assunto, vemos que na verdade a essência verdadeira sempre esteve presente, mas estava oculta de alguma forma, inacessível, e o processo alquímico vem libertá-la.
Este é o verdadeiro significado da palavra transmutação. Uma transformação tão profunda que altera a sua essência. Ou, melhor ainda, uma transformação tão intensa que liberta a essência do que você verdadeiramente é, mas desconhecia até então. Um termo assim não deveria ser empregado levianamente, mas infelizmente é o que tem acontecido. Muitos cursos e técnicas prometem a transmutação a varejo e atacado, como se fosse mais uma miscelânea milagrosa entre tantas que grassam nesta época sedenta por respostas.
Eu mencionei que se deve partir do exterior para o interior. Ou seja, as respostas não se encontram lá fora, mas dentro de cada um de nós. O ouro alquímico (sua essência, aquilo que você realmente é, sua luz) está dentro de você, esperando que você faça o esforço (opus) necessário para transmutar o chumbo (suas limitações, restrições, medos, paradigmas, apego à matéria).
É óbvio que este não é um objetivo que se atinja de um dia para o outro, apesar de parecer assim quando finalmente é atingido. Quando um bebê nasce, parece incrível que num minuto não havia nada ali, e no minuto seguinte há uma nova vida. Mas para que esta nova vida fosse possível, foram necessários nove meses de gestação, e muitas horas de trabalho de parto.
Plutão é o agente que propicia esta transmutação, este nascimento do Self, finalmente integrado. Assim como no parto de um bebê, é necessário todo um trabalho de preparação, que às vezes pode levar toda uma vida (ou várias vidas). E não há garantias de um parto sem dor, porque complicações de última hora sempre podem ocorrer. Mas o milagre da vida faz tudo valer a pena.
Nos próximos posts iremos discutir o trabalho de Plutão sob vários ângulos, mas sempre que eu mencionar transmutação, estarei me referindo ao significado explanado neste texto.
Título: referência à canção Dentro de mim mora um anjo, de Sueli Costa e Cacaso.
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