6 de abr. de 2009

Minha casa não é minha... - Plutão em Câncer


Plutão tem um ciclo extremamente longo. Sua viagem através do zodíaco dura aproximadamente 250 anos. Sua órbita ao redor do Sol é irregular, portanto ele se demora mais em alguns signos do que em outros. É isto que torna possível para algumas pessoas experimentarem a oposição de Plutão, como vem ocorrendo com aqueles que têm Plutão natal (no seu mapa de nascimento) em Câncer (ver Capricórnio, em busca de estrutura).

Já vimos que a oposição opera como um "cabo de guerra" entre os planetas, e que há uma tendência a projetar um dos lados desta oposição. No caso de Plutão, isto é preocupante, porque Plutão está relacionado com energias primárias, com o instinto de sobrevivência.

Toda a geração de Plutão em Câncer está sentindo uma imensa pressão interior, que objetiva a dilapidação do diamante interno, para que sua luz possa brilhar em todo o seu esplendor. Mas esta pressão é tremendamente desconfortável, e se levarmos em conta a duração deste trânsito, podemos prever alguns problemas à frente.

A maioria das pessoas ainda se encontra muito mergulhada na energia coletiva para ter uma compreensão mais efetiva de sua individualidade, uma noção maior de sua participação no todo. Portanto, quando confrontada com o desconforto, a tendência é buscar uma justificativa "lá fora", alguém para levar a culpa pela situação. Este mecanismo nos faz lembrar de situações ao longo da história, em que uma determinada raça, classe social, nacionalidade, religião, etc, foi escolhida para "purgar" os pecados do coletivo. O raciocínio por trás destas atitudes era simples: uma vez identificado o "culpado", sua eliminação traria um futuro melhor para todos. A geração de Plutão em Câncer corre o risco de repetir estes padrões.

Plutão tende a trazer à tona a sombra do signo que está transitando. Quando Plutão atravessou o signo de Câncer, despertou o lado sombrio das questões relativas à figura materna, família, lar, raízes, passado. O desequilíbrio existente nestes conceitos foi trazido à luz para ser transmutado. Uma extensão do conceito de "lar" é o patriotismo, o nacionalismo. E este trânsito acompanhou o desenrolar da Primeira Guerra Mundial e o início da Segunda.

Os nascidos com Plutão em Câncer trazem consigo uma programação interior para trabalhar com estas questões. E Plutão em Capricórnio está ativando a polaridade oposta: figura paterna, sociedade, trabalho, hierarquia. Portanto, estas pessoas estão se sentindo pressionadas a trabalhar com a dicotomia trabalho - família, sociedade - vida privada, pai - mãe.

As mudanças trazidas pelas guerras mundiais afetaram profundamente a estrutura familiar como era concebida até então. As mulheres entraram no mercado de trabalho e o núcleo familiar diminuiu consideravelmente. Hoje, estamos sendo confrontados com o fato de que grande parte das famílias é chefiada por uma mulher, sem apoio de uma figura paterna e, na maioria das vezes, sem suporte efetivo da estrutura social. Há uma grande lacuna, no inconsciente coletivo, em relação à figura paterna. Este desequilíbrio está sendo trazido à tona para revisão, e a geração com Plutão em Câncer está sendo profundamente afetada.

A humanidade, como um todo, está sentindo a pressão para reavaliar suas noções de figura paterna, trabalho e sociedade. E, num mundo em que grande parte das pessoas concebe uma imagem de Deus Pai, esta reavaliação promete ser interessante.


Título: referência à canção Travessia, de Milton Nascimento e Fernando Brandt.
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Um comentário:

Mara disse...

Exato, Laura, e esta inquietação tende a crescer ainda mais, assim como o questionamento e a tendência à projeção. Por isso, mais do que nunca, é importante o autoconhecimento.