5 de out. de 2009

Irmão Sol, irmã Lua


São Francisco de Assis, no século XIII, renunciou a todos os bens que o prendiam neste mundo, abraçando a pobreza e o trabalho incessante.

Na sociedade extremamente consumista em que vivemos, é possível resgatar um pouco do espírito franciscano? Até que ponto somos capazes de abrir mão do conforto, do supérfluo e do luxo em prol de um ideal mais elevado? Estamos condenados a acumular cada vez mais, na tentativa de preencher o vazio interior?

Ao analisarmos a história de Francisco, fica evidente que ele marchava ao som de um tambor diferente. O impulso e a capacidade de romper com os paradigmas de sua época refletem Urano. As pessoas com um Urano forte em seu mapa (em aspecto com os planetas pessoais ou nos ângulos: Ascendente, Descendente, Meio do Céu, Fundo do Céu) tendem a não se conformar em seguir placidamente o rebanho. Elas questionam o status quo, e muitas desenvolvem a coragem de levar vidas à parte do sistema.

Entretanto, o idealismo que permeou toda sua obra, a religiosidade, a compaixão, nos falam de Netuno. É um Netuno forte que nos dá a capacidade de transcender, de ir além dos limites comumente aceitos como "realidade". É ele que nos permite sentir que somos um só com a natureza e com toda a humanidade. É ele que nos dá forças para "abrir mão". E seu impulso, apesar de suave como a água, possui o mesmo poder que ela, de dissolver a mais dura rocha.

Então, seria mais difícil para Francisco agir hoje, com tantas facilidades e tentações? Eu creio que não. Se, por um lado, estamos cercados por uma opulência tremenda, que parece prometer prazeres sem fim, por outro, estamos cercados também pela mais cruel miséria e desigualdade. E esta miséria toca fundo nos corações mais sensíveis.

Há muitos casos de pessoas que abandonam a aparente segurança de um emprego "garantido", um relacionamento "estável", ou uma herança "confortável" para se dedicar a uma causa que conquistou seus corações. Na arquibancada, alguns de nós consideram estas pessoas imaturas, desprovidas de bom senso. Outros, as encaram como modelos de um comportamento ideal, mas muito difícil de ser seguido. E, uns poucos, as acolhem como um exemplo de que é possível, sim, atender ao chamado de sua alma.

Apesar de todas as pressões, acredito que hoje, mais do que nunca, a mensagem de Francisco está atuante. Não se deixe iludir pelas manchetes gritantes relatando a última plástica da queridinha do cinema ou o último escândalo do herdeiro daquele conglomerado. Humildemente, e em silêncio, nossos irmãozinhos continuam a obrar. Francisco continua bem vivo, e sempre disposto a aceitar mais um companheiro de jornada. Não deixe seu coração se amargurar pelas pedras encontradas no caminho. É com elas que você vai construir a sua igreja.

Título: referência ao filme Fratello sole, sorella luna, do diretor Franco Zeffirelli.
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Um comentário:

Mara disse...

Laura, realmente é difícil pensar em igualar Francisco... Mas conheço pessoas que, mesmo sem perceber, já seguem suas pegadas. Na época atribulada em que vivemos, sua mensagem está mais viva do que nunca!